Tudo começou ao final do século XIX, quando meus bisavós, muito novos, vieram da Itália para o Brasil. Muito provavelmente, buscando novas oportunidades de vida e aventuras, em uma época em que a vida ao norte de seu país natal não era das mais fáceis. O destino resolveu que eles se conhecessem apenas no Brasil, sendo a cidade de Bento Gonçalves o local de seu matrimônio. Originou-se assim, mais um ramo na árvore da família Parisotto.
Ao final da primeira quinzena do século XX, dos dois nasceu meu avô, em outra cidade do Rio Grande do Sul, Vacaria. Cerca de 1 mês depois de seu nascimento, eclodia na Europa, a 1ª Guerra Mundial, sendo a Itália um dos palcos do conflito.
Como seus pais, meu avô provavelmente não era daqueles que se contentava em ficar em um mesmo local. Buscava aventuras e um futuro melhor para ele e para suas futuras gerações. Assim, resolveu deslocar-se de Estado e partir para Santa Catarina, onde, no futuro município de Ouro, casou-se com minha avó.
Passados 2 anos da metade do século XX, nascia, no município vizinho a Ouro, meu pai. Assim como seus antepassados meu pai foi em busca de uma vida melhor: resolveu mudar de Estado, partindo para o Paraná. Nesta famigerada região do Estado, conheceu minha mãe, natural de cidade vizinha a Curitiba. Em Palotina, tiveram três filhos, sendo, o terceiro, eu, João Parizotto.
Seguindo o instinto presente em meu sangue, também fui em busca de oportunidades em outras regiões do Brasil. Contudo, dentro de todas as cidades, regiões e estados, uma outra localidade sempre perdurou nos pensamentos meus e de meu pai, mesmo que conhecendo-a pouco ou quase nada: ITÁLIA. Nossas mentes e corações diziam que deveríamos retornar a um ponto da pequena história de nossa família, que até o momento havia atravessado três séculos dentro de apenas 1 país.
Foi nesta ânsia e neste momento em que surgiu uma pessoa em nosso caminho. Anterior a este encontro, havia sido frustrada a tentativa aos nossos modos de retorno, em busca da cidadania italiana. Foi nesta ânsia e neste momento que conhecemos a consulente Carmen Lúcia. Carmen Lúcia foi a pessoa que ajudou-nos a construir a ponte transatlântica que nos faltava, em busca de nossas origens italianas. Ela permitiu que eu, e minhas futuras gerações, alcem novos voos, em busca de novas aventuras e desafios. Em virtude do trabalho desempenhado por ela, com retidão, companheirismo e acima de tudo sinceridade, poderemos trilhar alguns dos passos já explorados por nossa família.
Ao fim, uma jornada que começou no século XIX volta novamente à um ponto em comum. Não funcionando como um ciclo com o mesmo início e fim, e sim uma jornada de geração em geração com cruzamentos coincidentes. No dia de hoje, com a minha identidade e passaporte italianos nas mãos, abre-se um novo leque de opções para o futuro. Seguindo o instinto presente em meu sangue, será uma nova possibilidade a trilhar.
João Parizotto